




CONSULTA DA OBESIDADE
Nutrição na Obesidade
A importância da Consulta de Nutrição
Sabia que em Portugal 5 milhões (quase metade da população portuguesa) de pessoas têm excesso de peso?
E cerca de 14,2% são obesos? 1% sofrem de obesidade grave?
A Obesidade é considerada a epidemia do século XXI os números falam por si – cerca de 13% dos homens e 15% das mulheres são obesos – sendo este número assustador. visto que contribuem para o aparecimento de muitos
problemas de saúde a médio prazo, como por exemplo a hipercolesterolémia, a diabetes não insulinodependente, problemas ortopédicos, baixa auto estima e muitos outros como as doenças cardiovasculares, as
doenças osteoarticulares, vários tipos de cancro e ainda problemas físicos e psicológicos, … o absentismo laboral,
para um decréscimo significativo da qualidade de vida e contribui um encurtamento do tempo de vida.
A obesidade também já afecta muitas crianças portuguesas, sendo que existem cerca de 31,5% de crianças
com excesso de peso, das quais cerca de 11% são obesas.
Esteja atento, nas crianças o excesso de peso, e a obesidade, não se notam como nos adultos.
Muitas vezes, só após uma avaliação dos parâmetros antropométricos (peso, altura, IMC, tabelas de percentis, …),
a qual deveser feita por Pediatra ou medico nutricionista com bastante experiência em Pediatria, se
conseguem identificar.
A alimentação da criança obesa deve ser variada e equilibrada e conter todos os nutrientes necessários a
um desenvolvimento adequado. É necessário que a energia fornecida seja a adequada, a manutenção de peso
ou para promover a perda de peso, dependendo da idade da criança, do percentil em que se encontra,
se tem ou não, alguma doença associada à obesidade. O acompanhamento deve ser realizado, sempre,
por medico nutricionista com bastante experiência em Pediatria.
A obesidade é uma doença crónica, que necessita duma intervenção precoce e continuada. Só assim
conseguiremos obter resultados compensadores, no combate a esta doença, que já constitui um grave problema
de saúde pública para a população portuguesa.
OBESIDADE / EXCESSO de PESO
O que é o Excesso de Peso / Obesidade
O Excesso de peso e a Obesidade são diferentes graus de acumulação excessiva de gordura no corpo,
de forma a poderemprejudicar a saúde.
O peso ideal não existe. O peso normal é um valor individualizado que depende de diversos factores:
fisiológicos (idade, sexo, altura, etc...) genéticos, patológicos e culturais.
Existem diversas formas de classificar o excesso de peso do indivíduo associando os factores fisiológicos entre si:
Indice de massa corporal (IMC)
Perímetro da Cintura
Bioimpedância
A mais utilizada é a que se baseia no Índice de Quetelet ou Índice de Massa Corporal (IMC).
PORQUE SENTIMOS FOME E SACIEDADE
FORMAS DE TRATAMENTO
As formas de tratamento normalmente mais utilizadas são duas:
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um plano alimentar com restrição calórica, combinado com uma actividade física adequada, ou
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um plano alimentar com restrição calórica combinado com actividade física e com terapêutica medicamentosa.
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Terapêutica com Medicamentos
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Actividade Física
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Terapêutica Alimentar
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Modificações do estilo de vida
A esmagadora maioria dos autores concorda que o tratamento da obesidade deverá passar por uma série de medidas reeducativas. Estas medidas dizem respeito não só ao comportamento e aos hábitos alimentares mas também aos estilos de vida sedentários
duma população que faz cada vez menos exercício, ao mesmo tempo que aumenta o consumo de gorduras.
Existem evidências claras de que uma perda de peso moderada e mantida, de apenas 5% a 10% do peso corporal inicial,
é suficiente para proporcionar melhorias clínicamente significativas das comorbilidades associadas à obesidade.
Diversos estudos demonstraram que uma perda de peso modesta está associada, entre outros benefícios, à redução
da pressão arterial, à melhoria da sensibilidade à insulina e do controlo da glicemia em diabéticos e a um perfil
lipídico menos aterogénico.
Em face destas evidências clínicas, directrizes recentes enfatizam a perda de peso moderada como sendo um objectivo
adequado e realista para o controlo do excesso de peso e não o atingimento de um suposto peso ideal,
muitas vezes impossível de conseguir.
De facto, segundo as European Clinical Practice Guidelines (2008), “objectivos adequados para a gestão do peso devem apontar
para perdas de peso realistas, com vista à redução dos riscos para a saúde, e devem incluir a promoção da perda
de peso,a manutenção do peso e a prevenção do reganho de peso.”
Os doentes deverão compreender que, sendo a obesidade uma doença crónica, a gestão do peso terá de durar toda a vida
e que esta tem objetivos mais abrangentes do que a simples redução do peso, como sejam a redução do risco
de complicações e a melhoria do estado de saúde geral do indivíduo.
Acompanhamento
O acompanhamento do doente obeso ou pré-obeso deve obedecer a algumas orientações:
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Deve ser efectuado de forma regular;
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O ritmo de perda de peso dependerá dos casos mas, no geral, uma perda de 2 a 4 kg/mês será adequad
(em função do peso inicial do indivíduo), sendo que durante as primeiras semanas se perdem quantidades
importantes de água e glicogénio e menos gordura. Posteriormente, as perdas são preferencialmente de gordura.
É muito importante medir o perímetro da cintura ao mesmo tempo que o peso, para se saber se está a haver perda de
massa gorda. Um emagrecimento correcto mede-se em centímetros, mais do que em quilos;
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Uma perda inferior a 0,5 kg por semana pode desmotivar o indivíduo, ao fazer com que o tratamento se prolongue por muito tempo.
A verificação da diminuição do volume abdominal, reflectindo, em boa medida, a perda de gordura, ajuda a motivar o doente;
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Uma vez alcançado o peso desejado, as necessidades energéticas serão menores, pelo que se deverá readaptar a
ingestão de calorias para evitar que o peso seja recuperado, conseguindo a sua manutenção.
TERAPÊUTICA com MEDICAMENTOS
A Terapêutica medicamentosa ajuda a tratar a obesidade. No nosso país, os fármacos aprovados para o tratamento da
obesidade limitam-se a um grupo de medicamentos de acção periférica, ie. que diminuem a absorção dos alimentos no intestino.
A terapêutica com medicamentos deve ser parte de um plano de acções para o controlo de peso, que inclui
modificações a nível comportamental, dos hábitos alimentares e da actividade física.
A medicação isolada não é solução. Ela tem de ser combinada com um plano alimentar adequado e com a prática
regular de actividade física, estipulados pelo seu médico ou nutricionista.
ACTIVIDADE FÍSICA
A actividade física, além de aumentar o gasto energético diário, aumenta-se a massa magra, o que leva a um acréscimo
no metabolismo basal, a longo prazo. Tem inúmeras vantagens para a saúde e melhora muitas das comorbilidades
frequentemente associadas à obesidade.
A actividade física regular deve ser entendida como fundamental para toda a saúde e não só para a questão do excesso de peso.
Em relação a este último, ela é muito importante, quer para a sua prevenção, quer para auxiliar à sua redução, quer para possibilitar
que o emagrecimento se mantenha para sempre.
Alimentação adequada e actividade física regular não se dispensam uma à outra, porque actuam por mecanismos diferentes,
embora o exercício regular possibilite uma restrição alimentar mais ligeira.
O exercício tanto ajuda a emagrecer durante a sua prática, como nas horas que se lhe seguem, ou seja, um indivíduo
regularmente activo consome mais calorias em repouso do que se fosse sedentário.
A actividade física mobiliza mais gordura intra-abdominal do que a dieta e sabe-se que essa é a parte da gordura mais
ameaçadora e nociva para a saúde e que está na base da maioria das complicações do aumento da gordura corporal,
como sejam o aumento da pressão arterial, dos lípidos, da resistência à insulina e diabetes,
do risco de acidentes cardiovasculares, etc. Em resumo, é impensável emagrecer BEM sem ter uma vida fisicamente activa.
Para se conseguir os melhores resultados, esta deve reunir uma série de condições:
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PeriodicidadeÉ necessário que se pratique actividade física com regularidade, se se quer que esta seja benéfica
para a saúde e que sirva para controlar o peso. Recomenda-se que seja realizada, idealmente, 1 hora de caminhada diariamente;
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Duração.Geralmente deve durar de 45 a 60 minutos. Os desportos que consomem mais gorduras são os aeróbicos
(longa duração e intensidade moderada) como as caminhadas, natação, etc.;
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Intensidade.Esta deve ser escolhida de acordo com as possibilidades e preferências do indivíduo;
em função da intensidade da actividade, o gasto energético variará.
Na tabela seguinte mostra-se a relação entre tipos de actividades e o consumo energético.
Para se obter resultados definitivos devem-se alterar, definitivamente, os hábitos dietéticos e o estilo de vida.
TERAPÊUTICA ALIMENTAR
O tratamento para perder peso passa pela realização de um Plano Alimentar adequado a cada caso. Plano é hipocalórico,
quer dizer, fornece menos calorias do que aquelas que precisamos para o dia-a-dia. Só desta forma, a energia que está armazenada
na gordura corporal irá ser utilizada, e assim emagrecemos.
O Plano Alimentar seguido durante o tempo necessário estipulado pelo médico ou nutricionista não deve ser demasiado restrito,
com o risco de se perderem, para além da gordura, quantidades importantes de músculos.
EMAGRECER MUITO RAPIDAMENTE ACARRETA RISCOS IMPORTANTES
PARA A SAÚDE
Um Plano Alimentar certo deve ser equilibrado do ponto de vista calórico. Exemplificando: 30% da energia deve vir das gorduras,
55% dos hidratos de carbono e 15% das proteinas. Concluindo os alimentos ricos em hidratos de carbono, os chamados
"farináceos", não podem ser postos de lado, num tratamento para emagrecer! Por outro lado, as quantidades de gordura devem
ser reduzidas.
O Plano Alimentar deve ser suficiente noutros nutrientes nomeadamente, vitaminas, minerais, água, fibras.
As refeições tem ser repartidas ao longo do dia e devem evitar-se dois extremos: por um lado, fazer apenas uma ou duas
"super refeições", hipercalóricas, deixando o organismo horas sem alimento; por outro lado, passar o dia a "petiscar"
pequenas quantidades de alimento, sem nunca chegar a fazer uma verdadeira refeição.
DEIXAR O ORGANISMO HORAS SEM COMER E "VINGAR-SE" EM UMA OU
DUAS REFEIÇÕES DIÁRIAS OU PASSAR O DIA A "PETISCAR" SEM FAZER
VERDADEIRAS REFEIÇÕES SÃO SITUAÇÕES QUE FACILITAM
O AUMENTO DE PESO
Importante é fazer três refeições principais (pequeno-almoço, almoço e jantar) e duas ou três pequenas refeições.
Se após o jantar o exercício for quase nulo (por exemplo, deitar-se ou ficar sentado no sofá) é desejável que a refeição seja
um pouco menos abundante que o almoço.
Resumido, devemos preferir quantidades apreciáveis de legumes e hortaliças , bebidas sem calorias (água, chá, cevada),
quantidades suficientes de alimentos ricos em hidratos de carbono (batata, arroz, massa, pão, grão, feijão,…) e fruta,
carnes e peixes e reduzida quantidade de alimentos ricos em gordura (óleos, manteiga e margarinas, bolos, bolachas,
queijos, enchidos, patés, certos molhos) e doces.
É importante organizar o que vai comer ao longo do dia com alguma antecedência e abastecer-se dos alimentos mais
vantajosos, evitando assim ceder a tentações fáceis mas pouco recomendáveis… Uma boa forma de começar
uma refeição é com vegetais, em salada ou na sopa, por exemplo.
USE A IMAGINAÇÃO E EXPERIMENTE NOVAS VARIEDADES DE VEGETAIS
E NOVAS FORMAS DE OS COZINHAR
A culinária escolhida para preparar os alimentos deve ser saborosa e pouco gorda: devem ser privilegiados os estufados e guisados
com menos gordura, ensopados, jardineiras, grelhados, cozidos, caldeiradas. A pôr de lado: os alimentos fritos tradicionais,
assados no forno com gordura e adicionados com molhos gordos (por exemplo, maionese).
Quando não conhecemos a composição dos alimentos que comemos e estão embalados é importante dar
uma olhadela ao rótulo do alimento e verificarmos qual a quantidade de calorias e de gordura que contêm.
Devemos rejeitar os ricos em gordura e/ou calorias e escolher alternativas melhores.
Exemplos de Planos Alimentares
São aqui apresentados três planos alimentares de diferentes conteúdos calóricos e que podem ser usados
num tratamento para emagrecer.
Cada plano apresenta três opções. Deve começar-se o dia com uma delas e segui-la até ao fim do dia.
Depois pode-se ir variando ao longo da semana. Os pratos indicados e o modo de confecção servem apenas de exemplos.
De notar que este plano alimentar como parte do tratamento para emagrecer,não exclui
o acompanhamento que deve ser dado pelo seu médico e nutricionista
(especialista habilitado para fazer um plano alimentar adaptado ao seu caso).
1200 KCAL 1500 KCAL 1900 KCAL
MODIFICAÇÃO DO ESTILO DE VIDA
A intervenção correcta consiste em conseguir, de forma gradual e progressiva, as alterações aconselhadas
à pessoa com excesso de peso ou obesidade sejam por ela adquiridas como algo a manter para toda a vida.
Deverá insistir-se em que, para manter o peso que se obtém depois de emagrecer (é a tarefa mais difícil),
devem manter-se os novos hábitos adquiridos.
Aconselhemos:
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Beber no mínimo 1.5 litros de água por dia, sobretudo fora das refeições
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Tomar sempre um pequeno almoço completo
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Fazer pelo menos 5-6 refeições por dia. É muito importante fazer uma pequena refeição a meio da manhã e a meio da tarde
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Não petiscar entre as refeições
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Substituir o leite gordo por leite desnatado, o iogurte normal por iogurte desnatado sem açúcar e o pão branco por pão e mistura, centeio ou integral (completo)
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Evitar os alimentos fritos, molhos e folhados
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Seguir um horário o mais regular possível para as refeições
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Pesar-se pelo menos uma vez por semana, à mesma hora e na mesma balança, com roupa leve
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Caminhar uma hora todos os dias
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Conseguir um resultado satisfatório, aconselha-se um planeamento integrado de tratamento da obesidade ou excesso de peso,
no qual devem coincidir três acções indispensáveis:
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Reduzir a ingestão de alimentos ricos em gordura e hipercalóricos mediante dieta adequada.
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Aumentar o gasto energético promovendo a manutenção ou aumento do exercício físico regular.
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Estabelecer um programa de tratamento e apoio que permita a reeducação do estilo de vida.